Gerir o fluxo de caixa é essencial para o sucesso de qualquer negócio. No Brasil, temos o CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) que orienta sobre dois métodos para elaborar o fluxo de caixa. O método direto e o método indireto. Este texto tem como objetivo, mostrar de forma simples e objetivo, como esses métodos funcionam, usando o mesmo conjunto de números para facilitar a comparação.
- A Base: Balanço Patrimonial e DRE
Antes de analisar os fluxos de caixa, é importante entender dois relatórios financeiros fundamentais:
- Balanço Patrimonial: Ele reflete a situação financeira da empresa em um determinado momento, listando ativos, passivos e patrimônio líquido.
- Demonstração do Resultado do Exercício (DRE): Apresenta o desempenho da empresa em um determinado período, demonstrando as receitas, custos despesas e o lucro líquido.
Esses relatórios fornecem as informações básicas necessárias para construir os fluxos de caixa.
- Fluxo de Caixa Direto Simplificado
O método direto é muito mais fácil de interpretar, pois registra todas as entradas e saídas de caixa da empresa. A tabela abaixo mostra um exemplo prático:
Rubrica | Valor (R$) | Origem da Informação e Fórmula |
Recebimentos de Vendas | 180.000 | Receita líquida das vendas realizadas.
Fórmula: Receita Bruta recebida – Impostos pagos |
Pagamentos a Fornecedores | (100.000) | Pagamentos para aquisição de mercadorias e serviços.
Fórmula: Total de Compras paga |
Pagamentos de Salários | (25.000) | Salários pagos aos funcionários.
Fórmula: Total de Salários pago no Período |
Pagamentos de Despesas | (30.000) | Despesas operacionais como aluguel e serviços.
Fórmula: Total de Despesas pagas |
Pagamentos de Juros | (5.000) | Juros pagos sobre financiamentos.
Fórmula: Juros pagos |
Fluxo de Caixa
Operacional Líquido |
20.000 | Diferença entre entradas e saídas de caixa.
Fórmula: Entradas Totais – Saídas Totais |
Esse método oferece uma visão clara e direta do fluxo de caixa operacional, mostrando exatamente quanto entrou e saiu de dinheiro.
- Fluxo de Caixa Indireto Simplificado
O método indireto já necessita de uma interpretação mais avançada, pois ele parte do lucro líquido e faz ajustes para refletir as movimentações de caixa que não são evidentes no DRE, como depreciação e variações em ativos e passivos. Em suma, esse fluxo tenta explicar a diferença do lucro com o caixa ajustando aquilo que afetou o lucro, mas não afetou o caixa. Veja o exemplo:
Descrição | Valor (R$) | Origem da Informação e Fórmula |
Lucro Líquido | 20.000 | Resultado após receitas, custos e despesas do DRE.
Fórmula: Receita Líquida – Custos – Despesas |
Depreciação | 10.000 | Ajuste para depreciação que não afeta o caixa.
Fórmula: Valor da Depreciação no Período |
Aumento em Contas a Receber | (20.000) | Receitas de vendas ainda não recebidas.
Fórmula: A Receber Inicial – A Receber Final |
Aumento em Estoques | (10.000) | Compras de mercadorias ainda não vendidas.
Fórmula: Estoque Inicial – Estoque Final |
Aumento em Contas a Pagar | 20.000 | Despesas que ainda não foram pagas.
Fórmula: A Pagar Inicial – A Pagar Final |
Fluxo de Caixa
Operacional Líquido |
20.000 | Ajuste do lucro líquido para refletir o caixa real.
Fórmula: Lucro Líquido + Ajustes Não-Caixa |
O método indireto ajuda a entender como o lucro contábil se transforma em fluxo de caixa, fazendo ajustes necessários para itens que não afetam diretamente o caixa, mas importantes para análise econômica na DRE.
Com isso…
Podemos entender que ambos os métodos de fluxo de caixa oferecem uma visão valiosa sobre a saúde financeira-econômica da empresa.
O método direto é mais transparente quanto às entradas e saídas de dinheiro, enquanto o indireto ajusta o lucro contábil para fornecer uma visão mais abrangente do fluxo de caixa.
Entender cada fluxo de caixa, aplicando sempre método correto pode melhorar a tomada de decisões financeiras vai te ajudar a manter o controle sobre a movimentação de caixa, que é um dos principais relatórios, pois garante a sustentabilidade e o crescimento de qualquer negócio.
Lembre-se que a empresa pode dar lucro (DRE), porém não ter caixa disponível (DFC). Como também, o inverso pode ser verdadeiro.
E claro que não podemos deixar de falar do fluxo de caixa projetado, que é uma outra demonstração mais voltada para ao futuro e podemos escrever sobre isso em breve.